Em 2016/17, o Chelsea foi campeão inglês sem precisar ter elenco espetacular. A Liga dos Campeões não fez parte do calendário do clube, o que aumentou a concentração na Premier League. Para 2017/18, estava claro a necessidade de um plantel mais numeroso e qualificado.
A janela pré-temporada se abriu e com ela veio aquele tradicional mar de especulações. Lukaku foi um dos primeiros nomes a ser cogitado para substituir Diego Costa, mas a proposta oficial nunca aconteceu. O Manchester United foi mais rápido e aproveitou o fato de ter boa relação com o empresário do atleta, Mino Raiola.
Pensando em suprir a lacuna do ataque, o Chelsea trouxe Álvaro Morata. Atacante de força e que sabe atacar espaços. Pode se encaixar bem no futebol inglês, mas vai precisar saber lidar com o alto valor e a pressão por ser o principal “9” do time. Em 3 rodadas do Campeonato Inglês, já marcou 2 gols e 2 assistências. O início é animador.
Outro reforço que chegou foi Tiemoué Bakayoko. Em tese, o volante francês deve fazer sombra ao titular Kanté. Ambos são jogadores de muita imposição física. O meia Danny Drinkwater é outra peça contratada para compor elenco (ao menos inicialmente). Tem estatura para ajudar no jogo aéreo (1,77).
O zagueiro Rüdiger, que também já estreou e vem sendo titular, é forte em bloqueios e interceptações. Pode não parecer, mas é mais técnico que Andreas Christensen (concorrente na disputa por vaga), por exemplo. Já o lateral Zappacosta chega prestigiado para brigar por posição com Moses. Ao contrário de Caballero, que, indiscutivelmente, será reserva de Courtois.
Vale lembrar que o clube também perdeu jogadores: Nemanja Matic foi para o Manchester United, e Diego Costa, embora no fim das contas tenha permanecido em Stamford Bridge e sido inscrito na Premier League, deve receber poucas oportunidades após o desentendimento com o treinador. A relação deles parece não ter volta.
Como reposição, Bakayoko e Morata é uma dupla mais jovem e promissora. A questão é a bagagem: o espanhol nunca foi goleador de um time (exceto no Real Madrid Castilla), enquanto o francês ainda precisa provar ser capaz de jogar em alto nível com a bola. A sensação é de que trocaram o “produto pronto” por quem ainda precisa amadurecer.
Em termos de valores, o Chelsea gastou no total cerca de 206 milhões de euros em cinco reforços, já que o goleiro Caballero chegou sem custos. Menos do que o PSG que investiu 22 milhões de euros para tirar Neymar do Barcelona, por exemplo. Com a venda de Matic já concretizada, 44 milhões de euros chegaram aos cofres do clube londrino.
Em contrapartida, preocupa a forma como os rivais se reforçaram. O Manchester United de Mourinho buscou Matic no próprio Chelsea. Guardiola no Manchester City fez questão de ir atrás de Ederson, Mendy, Danilo, Walker e Bernardo Silva. Já o Liverpool apostou na manutenção do elenco e acrescentou com a contratação de Salah.
O Arsenal manteve Alexis Sánchez e trouxe Lacazette e Kolasinac. Tottenham trocou Walker por Serge Aurier e não mexeu em mais nada. Independente do movimento dos outros clubes no mercado, o que deixa vivo o sentimento de frustração são os “nãos” recebidos. E, por incrível que pareça, não foram poucos.
Além de Lukaku, o Chelsea correu atrás do lateral-esquerdo Alex Sandro durante o verão (europeu) inteiro, mas não houve acordo com a Juventus. Avaliou a situação de Virgil Van Dijk, do Southampton, mas não aconteceu nenhuma oferta oficial. Llorente, que estava no Swansea, preferiu acertar com o Tottenham.
A liberação de Oxlade-Chamberlain junto ao Arsenal chegou a existir, mas o próprio atleta se recusou a jogar no Chelsea porque, aparentemente, não quer continuar jogando como ala. Foi para o Liverpool. Também entrou em consenso com o Everton por Ross Barkley, mas o jogador mudou de ideia e não quis sair.
Existe uma cota de jogadores nascidos na Inglaterra (8 por elenco) que cada equipe precisa ter. Não por acaso o Chelsea foi atrás justamente de Chamberlain e Barkley. Só que o único inglês que conseguiu foi Drinkwater e acabou inscrevendo apenas 21 atletas na Premier League (4 formados na Inglaterra – Cahill, Moses, Fàbregas e Drinkwater).
As outras quatro vagas que sobraram (máximo de 25) tem que ser preenchidas necessariamente por jogadores que cumpram esses mesmos requisitos. O Chelsea está na sexta posição do Campeonato Inglês com seis pontos conquistados. São duas vitórias e uma derrota até aqui, seis gols marcados e quatro sofridos.
Apesar do susto na estreia, o início é positivo. No entanto, se a ideia é brigar pelo título da Liga dos Campeões, a sensação é de que mais uma vez Antonio Conte vai precisar fazer um trabalho além do que tem à disposição. Ninguém discute a capacidade dele, mas o futebol está cada vez mais competitivo.
- Os dados dessa matéria foram retirados do site Transfermarkt e WhoScored;