Entrevista com Gustavo Fogaça

Crédito: Foto: Gustavo Fogaça / Divulgação

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A Premier League vem sendo transmitida pela DAZN nesta temporada, sendo mais um meio para os fãs do Chelsea e da Premier League acompanharem a competição mais querida do planeta.

O comentarista da DAZN Brasil, cineasta e analista Gustavo Fogaça falou em entrevista exclusiva ao Chelsea Fans Brasil sobre os momentos de sua carreira e sobre os Blues de Frank Lampard.

Confira a entrevista abaixo:

1 – Qual a sua primeira lembrança afetiva com o esporte?

Eu tenho uma lembrança bem clara da Copa de 78, do meu pai muito bravo na frente da televisão, dizendo que o Brasil tinha sido roubado, então eu tenho aquela sensação de ter sido roubado em uma situação que não era sido prevista. Eu demorei um tempo pra entender o que tinha sido aquilo, mas é uma lembrança assim mais apagada, de sensações.

A lembrança mais clara do ponto de vista de controle meu, de eu realmente me dispor a prestar atenção e buscar isso foi o mundialito de 81 da seleção brasileira, aquela seleção que depois perdeu a Copa de 82, seleção com Sócrates, Zico, Eder, eu adorava aquela seleção, a marca da minha geração. Aquele time do mundialito de 81 e da Copa de 82 é uma grande lembrança pra todo mundo que é da minha geração.

2 – Hoje você é tido como um exemplo e referência para uma nova onda de jornalistas que está surgindo, mas quando estava iniciando sua carreira, quem o inspirou a ser um grande comunicador?

Eu me formei em jornalismo na Argentina, trabalhei um tempo com isso lá, fiz jornalismo trabalhando em televisão, mas eu logo em seguida eu me formei em cinema e como tive uma produtora eu comecei a trabalhar com áudio-visual e durante 20 anos eu parei de fazer qualquer coisa com jornalismo e me dediquei ao áudio-visual. Fazendo comerciais publicitários, longas, séries pra televisão, filmes, vídeo-clips pra bandas, shows de banda, uma penca de coisas no áudio-visual foi minha vida durante mais de 20 anos.

Em 2013 foi que eu retomei o jornalismo, aí sim o jornalismo esportivo, porque eu queria na verdade era trabalhar em clube, eu me preparei pra ser analista de clube de futebol, só que a vida foi me levando pra cair no jornalismo esportivo, então assim, as minhas referências são mais recentes, porque lá atrás não era muito apegado a nomes, ou “ah eu quero ser esse cara quando eu crescer”, eu comecei a me espelhar mais no momento em que eu comecei a trabalhar.

Eu posso te citar por exemplo o Silvio Benfica que é um radialista aqui da ex-Rádio Gaúcha que foi uma grande referência, Ruy Carlos Ostermann, que também foi um comentarista aqui de Rádio, que agora já está um senhor aposentado e que é outra grande referência pra mim em termos de trabalho jornalístico, mas nenhum deles foi lá atrás, que me inspirou a fazer isso, não tenho essa figura assim do passado, foi tudo recente demais.

3 – Enfrentamos nos dias atuais um grande descaso e descrença com os estudos e os estudiosos, e infelizmente isso ocorre também na área do esporte. Dessa forma, o que você pensa sobre essa nova geração de técnicos, comentaristas, analistas, etc. que chegam apresentando uma nova visão sobre o futebol e são constantemente bombardeados de críticas simplesmente por quererem apresentar uma nova visão acerca do futebol.

Eu vivenciei isso muito de perto aqui, não é porque fui eu, poderia ter sido qualquer um no meu lugar, mas eu fui o primeiro aqui no Rio Grande do Sul a trazer esses assuntos pra pauta, falar em termos assim, conceitos e de alguma forma eu elevei o nível do debate e todos os meus colegas e concorrentes de outros meios começaram também a ir atrás de conhecimento, a estudar e se capacitar porque viram que as coisas estavam mudando, o jeito de falar de futebol estava mudando e era necessário se atualizar.

Então é muito engraçado que eu vejo que a quatro, cinco anos atrás, muitos caras que me criticavam pelos termos que eu usava e o jeito que eu falava, hoje estão usando e falando normalmente e eu acho isso ótimo, não vou tirar sarro da cara deles, porque essa era a intenção, que eles assimilassem que o mundo mudou e o futebol também mudou.

O jeito de ver, de falar, o futebol também mudou e os estudos, a ciência, tudo isso sempre vai ajudar em qualquer área pras pessoas serem melhores.

Quem estuda hoje dentro dos clubes de futebol, não tem espaço mais pra quem não estuda, pra quem não se capacita. Do técnico do sub-15 ao dirigente, todo mundo tem que estudar, que se provar, ir atrás do melhor porque tá muito competitivo e só o conhecimento faz você se nivelar por cima. Então isso é um processo irreversível, ainda bem, e quem entendeu isso tem uma vida longa pela frente e quem não entendeu vai acabar logo logo desempregado, sem saber o que fazer e não vai entender de onde é que veio isso porque o mundo mudou.

É claro que sempre vai ter espaço pra comédia, pro entretenimento, para aquele cara que fica gritando na Tv e fala um monte de palhaçada, sempre vai ter isso, só que é menos e as pessoas que fazem o futebol e fazem o jornalismo sério por exemplo, elas não vão se apegar mais a isso, porque sabem que não é a realidade.

4 – Um momento do esporte em geral que gostaria de ter vivenciado, seja como espectador ou até mesmo como jornalista trabalhando na transmissão.

Copa do Mundo geralmente é o ápice. Eu trabalhei na Copa de 98, na de 2002, 2014 e na 2018. Foram quatro mundiais que eu trabalhei como jornalista e como técnico de televisão, mas gostaria muito de ter participado da Copa de 94, seja como espectador ou seja como jornalista in loco assim.

É um mundial que foi muito significativo porque a minha geração, a geração pós Copa de 70, a gente nunca tinha visto o Brasil ser campeão do mundo e passamos por várias humilhações, sofrimentos e a seleção de 94 é muito importante porque a gente finalmente pôde sentir o gosto de ser campeão do mundo com um time com um jeito muito peculiar de jogar. Aquela Copa teve grandes figuras, pra mim foi a última Copa dos grandes camisas 10, Hagi, Valderrama, Maradona, tem uma lista grande de camisas 10 importantes que jogaram aquela Copa, uma Copa muito legal.

Também gostaria de algum dia trabalhar no Super Bowl, no jogo final da NFL, que eu gosto muito de futebol americano e gostaria de algum dia poder trabalhar como jornalista, comentar, fazer alguma coisa. Eu já participei como espectador, nos anos 80 eu assisti uma final em Chicago e foi uma experiência muito bacana sim, mas como profissional eu gostaria de passar por essa experiência.

5 – Como você vê Frank Lampard assumindo o comando do Chelsea? Acha uma boa? O que esperar do maior ídolo do clube agora no cargo técnico?

O Lampard sendo treinador não é surpreendente, era um caminho natural que está acontecendo em torno de vários clubes. Vamos pegar só dois nomes importantes, Guardiola e Zidane.

Guardiola fez um ano no Barcelona B antes de assumir o Barcelona principal. O Zidane foi de cara pegando o principal também, fez se não me engano seis ou oito meses no Real Madrid Castilla, não chegou a fazer uma temporada inteira.

O Lampard só teve uma temporada no Derby County e foi uma temporada bastante regular, foi um trabalho honesto como treinador. É claro que ele vai ter que comer grama, vai ter que ganhar casca como treinador porque não é uma situação fácil, ainda mais em um clube que tem uma exposição tão grande, uma cobrança tão grande.

O Chelsea de hoje não é Chelsea de 20 anos atrás, então isso tem que colocar na balança também, mas ele tá preparado, ele é um ídolo, tem o DNA do clube, estudou e se capacitou e tem acho que uma vantagem agora eu acho com essa sanção das contratações, que ele vai ser meio que forçado a dar mais minutos pra jovens e dar espaço pra jovens e isso pode fortalecer muito o trabalho dele. Construir vínculos e conexões com esses novos atletas é muito importante pra um treinador, ter essa rede de apoio, um treinador precisa ter jogadores de sua confiança e você trazendo jovens e dando oportunidades, isso também cria importantes vínculos.

Eu estou bastante esperançoso assim com o Lampard, sei que não é favorito pra ganhar títulos nesta temporada, quem sabe na próxima, mas é um ano pra gente observar e ver como ele desenvolve o trabalho dele.

6 – Monte o seu Chelsea perfeito, com técnico, contra os melhores 11 que você viu e arrisque um palpite sobre o placar.

Caramba, o Chelsea perfeito, que boa pergunta é essa, ela me fez pensar bastante porque acho que todos nós temos jogadores Blues que a gente gosta muito, que a gente admira, e mesmo que eles não tenham sido assim, grandes figuras no time, a gente gosta né.

Mas eu resolvi montar um 11 inicial aqui de jogadores que eu vi jogar e que são meio que unanimidade. O técnico o Mourinho, o Mourinho sem dúvidas foi o cara que colocou o Chelsea na vitrine e transformou o clube na potência que é hoje e seria assim: Petr Cech no gol, Ashley Cole, John Terry, Marcel Desailly e Marcos Alonso, que é um lateral que eu gosto muito porque ele tá sempre na frente, apoia bem pra caramba.

Uma linha de 4 no meio com Ruud Gullit, Frank Lampard, Gianfranco Zola, o italiano, talvez o maior ídolo da história recente do Chelsea, dessa história do final do século passado e Eden Hazard. Na frente Drogba e eu colocaria Joe Cole, que é um cara que ao meu ver foi polêmico, teve momentos ruins, momentos bons mas era um cara que funcionava muito lá na frente, como ponta driblador, batedor de bolas paradas.

Aí enfrentaria o que pra mim uma seleção dos melhores 11 que eu vi jogar, muito difícil fazer isso, fui botando nomes que me vieram à cabeça, nem sei se são os 11 melhores que eu vi jogar, mas enfim: um 4-3-3 com Buffon no gol, Jorginho como lateral direito, Maldini e Ronald Koeman, e Roberto Carlos na lateral esquerda.

Uma linha de três com Lothar Matthaus como primeiro volante, Zidane e Maradona e uma linha de três na frente com Ronaldinho Gaúcho, Romário e Ronaldo Nazário.

Acho que essa seleção seria difícil de alguém vencer, só craque, talvez o Chelsea teria se tivesse bem treinado com o Mourinho, ele botava todo mundo lá atrás e segurava o empate mas seria um jogo difícil.

Nós do Chelsea Fans Brasil agradecemos ao Guffo pelo tempo disponível e a oportunidade para a realização desta entrevista, onde abordamos temas importantes sobre o Chelsea e a carreira do jornalista.

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