Muito se esperava do Chelsea na janela de transferências de janeiro, principalmente por conta da punição imposta pela FIFA que impediu o clube de ir ao mercado na janela do verão europeu.
Mas de forma surpreendente para muitos, o clube não contratou nenhum reforço para o restante da temporada, mesmo com a necessidade de novas adições para o restante da temporada. Buscando respostas para tal fato, nós analisamos quais os possíveis motivos para isso ter acontecido.
PUNIÇÃO IMPOSTA PELA FIFA E A REDUÇÃO DO CAS
Antes de qualquer coisa, temos que explicar o que foi e o porquê do clube ter ficado impossibilitado de contratar reforços na janela de transferências do verão europeu.
Após investigações, o comitê disciplinar da FIFA apontou irregularidades envolvendo contrato de jogadores menores de 18 anos. As investigações apontavam irregularidades nas contratações de 19 atletas, inclusas no artigo 19 da entidade, que destacam as regras para aquisição de jogadores menores de 18 anos para países diferentes. Explicamos melhor todo o caso AQUI.
A punição imposta foi de duas janelas de transferências sem poder REGISTRAR novos jogadores, incluindo uma multa de 400 mil euros.
Descontente com a punição imposta pela entidade e confiante de sua inocência no caso, a diretoria do clube registrou um apelo de suspensão da sansão, mas o mesmo foi recusado pela FIFA.
Sem poder fazer novas adições na janela do verão europeu, o Chelsea então registrou um pedido de cancelamento da pena ao Côrte Arbitral do Esporte (CAS) no dia 7 de junho.
O julgamento do caso aconteceu no mês de novembro e no dia 6 de dezembro o CAS anunciou a redução da pena do clube para uma janela de transferências (já cumprida) e a redução da multa pela metade.
Em nota o CAS disse:
Um procedimento de arbitragem ao CAS foi iniciado em junho de 2019, após o recebimento do recurso do CFC (Chelsea Football Club)… O clube não apresentou qualquer pedido de medidas provisórias, mas solicitou que uma decisão final fosse proferida antes do final de 2019. Uma audiência foi realizada na sede do CAS em Lausanne, Suíça, em 20 de novembro de 2019.
O Árbitro Único constatou que o CFC violou os artigos 19.1 (relacionados à transferência internacional de menores) e 19,3 (relacionados ao primeiro registro de menores) da RSTP, mas para um número significativamente menor de jogadores (cerca de 1/3 das violações encontradas pela FIFA). Além disso, as violações de outras regras do RSTP foram consideradas menos graves do que as atribuídas ao Chelsea FC pela FIFA.
Assim, o Árbitro Único reduziu a sanção para uma única proibição de transferência (que o Chelsea FC já serviu durante o período de inscrição de verão de 2019) e reduziu pela metade a sanção monetária.
Provando ter sido injustiçado pela FIFA em sua punição, o clube se viu apto à fazer novas aquisições para o andamento da temporada, buscando dar opções para Frank Lampard resolver as dificuldades que a equipe vem encontrando e manter a equipe mais competitiva na busca pela vaga na próxima edição da UEFA Champions League.
JANELA DE TRANSFERÊNCIAS E OS RUMORES PLANTADOS PELA IMPRENSA
O fim da punição foi um prato cheio pra imprensa inglesa, que de imadiato tratou de ligar diversos jogadores à uma transferências para o Chelsea.
Jogadores em alta como Ben Chilwell (Leicester), Jadon Sancho (Dortmund), Timo Werner (RB Leipzig) e Moussa Dembélé (Lyon) foram os primeiros nomes à serem cogitados no clube.
Houveram ainda possíveis consultas do clube sobre a disponibilidade de alguns desses jogadores, porém seus clubes não estiveram abertos à negociações.
Após uma possível proposta do Chelsea, o Lyon da França chegou a emitir uma nota oficial garantindo a permanência de Moussa Dembélé, o Borussia Dortmund comunicou que Jadon Sancho não estava disponível, o RB Leipzig e o próprio Timo Werner revelaram que uma transferência não aconteceria nesta janela.
Com seus alvos principais indisponíveis segundo seus próprios clubes, novos nomes surgiram na mídia. Wilfried Zaha foi ligado à uma transferência aos Blues, até o momento em que Frank Lampard admitiu não ter interesse na contratação do jogador.
A carência de um bom companheiro de ataque e/ou um reserva à altura para Tammy Abraham fizeram nomes como Gabriel Barbosa (Flamengo) e Krzysztof Piatek (Milan > Herta Berlin SC) serem vinculados aos Blues, mas também sem nenhum interesse real do clube.
Com uma fragilidade defensiva cada vez mais exposta, a imprensa tratou de ligar o zagueiro Lewis Dunk (Brighton and Hove Albion) à uma transferência aos Blues.
Por fim, o nome ligado ao clube nos últimos dias de janela de transferências foi o atacante uruguaio Edinson Cavani.
Depois do PSG ter revelado o pedido de transferências feito pelo jogador, de imediato o mesmo foi ligado à uma transferência para o Chelsea. Frank Lampard até elogiou o atacante em uma conferência de imprensa, mas o desejo do jogador era de uma mudança para o Atlético de Madrid.
POSSÍVEIS MOTIVOS DA FALTA DE CONTRATAÇÕES
Analisando o momento do clube, as decisões tomadas recentemente e as informações oficiais (via coletivas de imprensa), fica claro que o clube não contratou por falta de opções disponíveis que agreguem maior qualidade à equipe.
Temos que ressaltar também que, talvez o principal motivo do clube ter apelado pelo fim da punição imposta pela FIFA não tenha sido pela possibilidade de realizar contratações em janeiro, mas sim por acreditar na sua inocência e injustiça feita pela FIFA no caso.
O primeiro passo da “revolução” de Frank Lampard está em andamento, que é a inclusão dos jovens jogadores (mesmo que forçada em um primeiro momento) na equipe principal e para isso o clube trabalhou na renovação de contrato de diversos jovens, entre eles Mason Mount, Reece James, Fikayo Tomori, Billy Gilmour, Callum Hudson-Odoi e Ruben Loftus-Cheek.
Tendo conhecido seu elenco, a tarefa era realizar contratações que cheguem para adicionar mais qualidade e não apenas “tapar buracos” como nas últimas janelas de transferências de janeiro (Gonzalo Higuaín, Olivier Giroud, Alexandre Pato, Miazga, entre outros), mas isso não foi possível.
O que é preciso entender, é, que embora o time precise de reforços para diversos setores, a janela de transferências de janeiro passou longe de ser a ideal para fazer contratações pontuais, que, de fato ofereçam uma maior qualidade para o restante da temporada.
Além disso, jogadores mais velhos (dependendo de idade e características), acabariam mais atrapalhando o desenvolvimento dos jovens promissores do que elevando de fato o patamar da equipe.
Com seus principais alvos indisponíveis no mercado, Frank Lampard viu sua primeira janela de transferências passar em branco, mas isso mostra um lado diferente do clube: a confiança no trabalho e futuro do jovem treinador.
