Proprietário do Chelsea, Roman Abramovich sempre foi uma pessoa de poucas entrevistas, mas sempre adotou campanhas que visam acabar com todas as formas de preconceito em nossa sociedade.
Em uma conversa com um professor clínico do NyU Tisch Institute for Global Sport, Lee Igel, publicada pela famosa revista Forbes, Abramovich comentou sobre assuntos importantes como o combate à discriminação, nossa sociedade, a cultura do clube focada no desempenho à curto prazo e a equipe feminina do Chelsea.
Racismo, antissemitismo, isso tudo é o mesmo tipo de maldade e não deve ter lugar em nosso mundo nos dias de hoje.
Toda vez que me mandam exemplos de abusos racistas que nossos jogadores enfrentam, fico chocado. É vergonhoso que esta seja a realidade não só para nossos jogadores, mas para qualquer um alvo desse tipo de abuso.
Se nós, como clube, podemos fazer a diferença nessa área, no combate ao antissemitismo, ao racismo e à promoção da tolerância, estou determinado a apoiar isso e contribuir da maneira que puder.
Sem perfis públicos, Abramovich usa cartas para se expressar em caso de necessidade. Sem dar muitas declarações públicas, Abramovich se expressou na nota que sobre a saída de Frank Lampard do clube em janeiro além de uma carta aberta aos jogadores após um abuso racial sofrido pelo lateral Reece James recentemente nas redes sociais. E ele explicou o seu posicionamento em não ter perfis públicos nas redes sociais, as declarações feitas em casos necessários e a coragem do clube em fazer mudanças no comando.
Declarações sobre a campanha Say No To Antisemitismo ou Frank Lampard ou Reece James, estes são temas muito, muito grandes e são muito, muito importantes. As coisas nesse nível exigem que eu demonstre pessoalmente que estou por trás disso e que sou responsável.
Acho que somos pragmáticos em nossas escolhas e estamos confortáveis em fazer as mudanças certas no momento certo para garantir que possamos alcançar nossas ambições de longo prazo. Espero que também diga algo sobre a clareza da ambição de longo prazo do clube.
Quem entra entende os objetivos tanto em campo, quanto o papel positivo mais amplo que o clube desempenha na comunidade.
A equipe Women do Chelsea e a academia tem sido motivos de grande orgulho para Roman Abramovich. Campeãs da Continental Tyres League Cup por dois anos consecutivos, no caminho para o bi campeonato da Women’s Super League e na disputa pela Women’s Champions League, além de ser comandada por Emma Hayes, a equipe tem dado recompensas gratificantes aos investimentos de acordo com Abramovich.
A equipe feminina é uma parte crítica do Chelsea e forma quem somos como um clube.
Não vejo razão para que os clubes não queiram apoiar o futebol feminino e proporcionar a melhor oportunidade possível para elas terem sucesso. Para mim, isso é tanto sobre o princípio, mas, também, o futebol feminino tem um enorme potencial. Se o futebol feminino recebesse o mesmo nível de apoio que o futebol masculino, o esporte seria, obviamente, igualmente bem sucedido no lado dos negócios.
E acho que o investimento vale a pena. Acho que o sucesso delas demonstra o que pode ser alcançado quando você dedica recursos e a liderança certa. Emma Hayes tem sido notável em seu trabalho com a equipe. Só no ano passado, a equipe foi coroada campeã da Women’s Super League, quebrou a maior sequência invicta na história da WSL (32 jogos) e ganhou uma Continental Cup pela segunda temporada consecutiva.
Roman Abramovich também falou sobre a abordagem adotada desde que se tornou proprietário do clube em 2003, mostrando que acredita que o futebol é um esporte comunitário e não se resume somente a equipe principal, mas inclui as equipes femininas, academia e ex-jogadores.
O Chelsea não é apenas o time principal masculino. O Chelsea é uma comunidade. É o time feminino, são os times juvenis, é a academia, é o apoio aos ex-jogadores do clube. É algo que começamos a fazer desde o primeiro dia. A razão é que nos aproximamos do Chelsea como uma comunidade e as pessoas dentro da comunidade — há crianças, mulheres, homens, ex-jogadores, há jogadores atuais, há jogadores futuros — todos eles precisam ser bem-vindos e parte de como conduzimos o negócio.
Quando compramos o clube, ficou claro que ex-jogadores não estavam realmente envolvidos, eles nem sequer eram convidados para ver jogos. Então, isso foi outra coisa: apoio para ex-jogadores, pessoas que ajudaram o clube ao longo do caminho, e dar-lhes uma oportunidade de continuar a fazer parte do clube e a história daqui para frente.
Com o passar dos anos obtendo muito sucesso, a imprensa inglesa principalmente passou a colocar em xeque as ambições de Roman Abramovich no clube, porém 17 anos após se tornar o proprietário, ele afirma que as ambições seguem sendo as mesmas.
As ambições são tão verdadeiras agora quanto eram quando me tornei dono e espero que isso possa ser visto através do trabalho que temos feito dentro e fora do campo nos últimos 17 anos.
Acho que os troféus falam por si mesmos e mostram o que nós, como clube, fomos capazes de alcançar ao longo desses anos e é meu objetivo continuarmos ganhando troféus daqui para frente e construirmos para o futuro.
O Chelsea tem uma história muito rica, e me sinto extremamente afortunado por um papel nisso. O clube esteve aqui antes de mim, e estará aqui depois de mim, mas meu trabalho é garantir que sejamos tão bem sucedidos quanto podemos ser hoje, bem como construir para o futuro. É por isso que o sucesso da nossa academia em Cobham [o centro de treinamento de 140 acres do clube] é tão importante para mim.
