Com absoluta certeza, quando Tuchel foi anunciado treinador do Chelsea, muitas dúvidas pairaram sobre o ar. Nenhum torcedor – por mais fanático que seja -, acreditava que iríamos conquistar a tão sonhada orelhuda, mesmo com aquisições da ordem de £ 222.48m (Kai Havertz £72.00m; Timo Werner £47.70m; Ben Chilwell £45.18m; Hakin Ziyech £36.00m; Edouard Mendy £21.60m) e vendas de £ 47.25m (Álvaro Morata £31.50m; Mario Pasalic £13.05m; Nathan £2.70m), totalizando investimentos da ordem de incríveis £ 175.23m!
A derrocada de Frank Lampard
Depois da temporada 2019/2020, onde, praticamente sem reforços, Frank Lampard conseguiu classificar o Chelsea para a Liga dos Campeões do ano seguinte (a equipe conseguiu ficar em 4º lugar, mesmo número de pontos do Manchester United, mas 33 pontos a menos que o campeão Manchester City), a diretoria (leia-se Marina Granovskaia), resolveu apostar suas fichas em uma das maiores lendas do Chelsea, o inigualável Frank Lampard.
Infelizmente, depois de 19 jogos na Premier League (exatamente metade da temporada), contando com apenas 8 vitórias, 6 empates e 5 derrotas (52% de aproveitamento), a diretoria do Chelsea chegou a conclusão de que, mesmo com o alto investimento, o técnico não estava conseguindo extrair o máximo da equipe, e, com isso, acharam melhor trocar por um técnico-tampão (sim Thomas Tuchel fez um contrato até o final da temporada 2021/2022, pouco menos de 1 ano e meio).
Começo avassalador e sorte no último jogo
Contando os mesmos números de jogos de Tuchel, o Chelsea conseguiu 11 vitórias, 5 empates e 3 derrotas (67% de aproveitamento), fazendo 25 gols (com Lamprd foram 33), e tomando apenas 13 (23 com Lampard). O grande segredo de Tuchel, foi sua defesa praticamente intransponível. Na Champions, desde as oitavas, o Chelsea só tomou gol do Porto, fazendo seus 7 jogos, com apenas 2 gols sofridos.
Mas, convenhamos que, o Chelsea jogou a final da Champions, devido a um fator sorte, uma vez que o Tottenham conseguiu vencer o Leicester fora de casa, o que fez com que a derrota frente ao Aston Villa fosse esquecida.
Caso o Leicester tivesse vencido o Tottenham, o Chelsea teria por obrigação vencer a Champions contra o City, para se classificar. Sem dúvida, ir para a final já classificado, tirou (um pouco) o peso da obrigação da vitória.
Mas será que a sorte (que é essencial para tudo na vida), sempre acompanhou o treinador, ou temos uma dicotomia entre sorte e competência?
O início da carreira
Tuchel começou de forma precoce como técnico, devido a uma grave lesão quando era jogador da equipe SSV Ulm 1846. Após alguns anos treinando equipes de base, assumiu como técnico do Fußball- und Sportverein Mainz 05, que vinha de uma 9ª colocação na temporada 2009-2010.
Já em seu primeiro ano como treinador, conseguiu fazer com que a sua equipe alcançasse a 5a. colocação na Bundesliga, mesmo tendo uma equipe com jogadores limitados. De sucesso em sua primeira temporada, as próximas não foram lá essas coisas. Na temporada 2011/2012, ficou na 13a. colocação, mesma colocação na temporada 2012/2013; se recuperando na temporada 2013/2014 onde alcançou a 7ª colocação, recebeu um convite para treinar a equipe do Borussia Dortmund, no lugar de Jürgen Klopp.
Treinando uma equipe de ponta
A última temporada do Borussia, com Jürgen Klopp no comando (2014/2015), foi uma pífia 7a. colocação. Isso depois de Klopp ter sido bicampeão (2010/2011 e 2011/2012) e duas vezes seguidas vice (2012/2013 e 2013/2014).
Novamente (nos mesmos termos quando treinou a equipe do Mainz 05), Tuchel em seu primeiro ano como treinador, conseguiu a vice-colocação, terminando 10 pontos atrás do Bayern.
Já na temporada 2016/2017, mesmo terminando 18 pontos atrás do Bayern, ficou agora na 3a. colocação. Porém, na temporada 2017/2018, depois de ter levado o Borussia até as quartas na Champions (derrota para o Mônaco por 2×3 e 1×3), e ter deixado o Borussia em 4o. lugar na Bundesliga (29 pontos atrás do líder Bayern), Tuchel foi demitido de forma unilateral, sendo sua rescisão fixada em algo em torno de 3 milhões de euros, conforme noticiou o jornal alemão Bild.
De acordo com o noticiário, Tuchel foi demitido mesmo entregando o Borussia com um superávit entre compra e venda de jogadores na ordem de £145.00m, principalmente pelas vendas de Dembélé (£121.50) para o Barcelona, e de Aubameyang (£57.38) para o Arsenal
Sua demissão, decorreu, principalmente com atritos com o ex-CEO, Hans-Joachim Watzke, que classificou o técnico como uma pessoa de difícil convivência.
O saldo da passagem de Tuchel no Borussia foi de 68 vitórias, 23 empates e 17 derrotas, aproveitamento de 63%.
Paris Saint-Germain
Entre sua demissão do Borussia (30/05/2017) e a sua assinatura com o PSG (14/05/2018), Tuchel ficou, aproximadamente, um ano sem treinar nenhuma equipe. Recebendo o convite para substituir Unay Emery, que perdeu, nas oitavas da Champions para o Real Madrid (que viria a ser campeão).
Novamente, agora não apenas em seu primeiro ano, mas no primeiro jogo como técnico do PSG, conseguiu vencer a equipe do Mônaco (seu algoz no Borussia), por 4×0, com gols de Di Maria (2x), Nkunku e Weah. E, sim, Tuchel utilizou a equipe com 3 zagueiros (Thiago Silva, Diarra e Rimane), conseguindo em seu primeiro jogo o troféu de 2018 Trophée des Champions. Certo é que o PSG já tinha conquistado este troféu em 2013, 2014, 2015, 2016, 2017…
Com esta vitória, Tuchel conseguiu seu 2º troféu em sua galeria, uma vez que já tinha sido campeão pela DFB-Pokal na temporada 2016-2017, pelo Borussia.
Porém, no dia 24 de Dezembro de 2020, Tuchel foi demitido pela 2ª vez, com atritos com (outra pessoa que têm históricos de ser alguém difícil) o diretor Leonardo. A gota d’água foi a contratação do meio-campista Danilo Pereira, enquanto o técnico queria um zagueiro central. Leonardo não deixou barato e, em sua demissão disse que: “Tuchel [deve] respeitar as pessoas acima [dele], e [ele] deve aceitar que é apenas um funcionário do clube!“, notícias veiculadas no site da BBC Sports.
Chelsea
É importante destacar que Tuchel era somente a segunda opção do Chelsea. Inicialmente, após a demissão de Lampard, o Chelsea fez uma proposta para o técnico Ralf Rangnick, para ser treinador…… interino!!!!
Como Rangnick não aceitou, Tuchel (que inicialmente rejeitaria um contrato no meio da temporada), acabou aceitando, avisando que seu objetivo era classificar a equipe para a próxima Champions League.
Novamente, em seu primeiro jogo Tuchel quebrou um tabu que durava mais de dezoito anos; contra o Wolverhampton; 78.9% de posse de bola, e incríveis 820 passes, recorde alcançado no primeiro jogo de um técnico na Premier League.
E, ainda em sua trajetória no primeiro ano, Tuchel quebrou mais um recorde: o primeiro treinador da história da Premier League a não sofrer gols em 5 jogos consecutivos em casa. Por fim, quebrou outro recorde que perdurava por anos. De acordo com OptaJoe, Tuchel estabeleceu o recorde de invencibilidade do Chelsea (13 jogos).
Com uma improvável (uma vez que ninguém imaginaria que estaríamos na final e venceríamos a Champions) campanha, conseguimos alcançar o estrelato, jamais imaginado para seu primeiro ano.
Palpite
De acordo com a trajetória de Tuchel, seu primeiro ano como técnico nas equipes (Mainz 05, Borussia e PSG), são fantásticas. Acredito que, sua ambição, deverá não apenas alcançar o bi da Champions, mas sim, a própria Premier League.
Go Blues!