O Chelsea foi certeiro ao sair na frente de grandes clubes europeus para acertar a contratação do jovem brasileiro Estêvão Willian do Palmeiras.
Estêvão vem sendo o grande destaque do Campeonato Brasileiro e sua mudança para Londres acontecerá em julho de 2025, após o Mundial de Clubes da FIFA.
Assim como Estêvão vem brilhando em solo brasileiro, outro jovem jogador vem fazendo sucesso na Inglaterra pelo Chelsea, sendo Cole Palmer o melhor jogador do elenco.
Estêvão Willian concedeu entrevista ao site The Guardian, da Inglaterra, revelando sua homenagem e conversas com Cole Palmer após ter assinado seu contrato com os Blues.
“Quando assinei pelo Chelsea, no dia seguinte marquei um gol e comemorei como [Cole] Palmer. Sua comemoração foi tendência, muito popular.”
“Conversamos nas redes sociais, eu o marquei no Instagram, ele me chamou de estrela, eu disse que ele também é uma estrela. Ele disse que vamos fazer muitas coisas boas juntos pelo Chelsea.”
As grandes atuações de Estêvão Willian o renderam sua primeira convocação para defender a seleção brasileira para as partidas contra Equador e Paraguai.
Durante os treinos da seleção, Estêvão Willian mostrou seu cartão de visitas contra um dos melhores goleiros da Premier League e o titular da seleção brasileira.
“No treinamento de finalização, comecei a acertar todos os chutes e Alisson ficou um pouco zangado. Ele disse que ainda estava se aquecendo, que eu deveria esperar um pouco. Mas levei um pouco a sério e marquei muitos gols [contra] ele.”
“Ele levou tudo em tom de brincadeira, mas espero que no próximo ano eu possa fazer novamente contra ele em partidas [da Premier League]. Nos veremos muito na Inglaterra.”
Tratado desde cedo como um talento geracional, Estêvão revelou que teve que lidar desde cedo com o nervosismo ao defender as cores da seleção brasileira.
“Nos primeiros dias você fica nervoso, não há como contornar isso. Você fica mais tímido, mas depois começa a ficar mais íntimo e a conversar com os caras nos treinos. Isso ajuda muito porque em campo você mostra que tem potencial e por que está lá. Então fica mais fácil e eles começam a aceitá-lo.”
Nem tudo é futebol na vida de Estêvão Willian. Ainda jovem, o jogador revelou seus compromissos com os estudos.
Sem abrir mão dos estudos mesmo sendo um dos principais jogadores em atuação no país, Estêvão revelou detalhes de sua rotina e a conciliação com seus compromissos com o Palmeiras.
“A escola é o resto do meu dia. Não é fácil. Existem alguns assuntos muito difíceis. A física é a mais difícil. É muito difícil lembrar as fórmulas, como resolver isso.”
“Vou estudar em Londres também, mas vou continuar na mesma escola, vou continuar estudando online, como hoje em dia.”
“No Palmeiras, acabo vendo as mesmas pessoas todos os dias. Quando você está na escola, você vê muitos alunos diferentes, sua turma está sempre mudando, novas pessoas estão entrando na escola, você tem seu melhor amigo lá e eu sinto falta disso. Na escola há pessoas com a mesma idade que eu também. No futebol, são pessoas mais velhas e experientes. Todo mundo me trata bem, mas é diferente.”
Dentro do mundo do futebol desde muito jovem, Estêvão Willian fará sua quarta mudança ao se mudar para Londres no próximo ano.
Nascido em Franca, no interior de São Paulo, o jovem se mudou para as categorias de base do Cruzeiro em Belo Horizonte aos oito anos de idade e lembrou de pequenos detalhes.
“A mudança mais difícil foi de Franca para Belo Horizonte. Foi a primeira vez, eu era muito jovem, significava estar longe da minha família, das pessoas que eu gostava, da escola. Era um ambiente muito diferente, uma época muito diferente. A jornada foi muito difícil. Lembro que conseguimos fazer toda a mudança em uma van e um caminhão veio atrás. Foi uma grande luta. Agora Londres será mais fácil. Você não precisa levar as coisas na van, você pode comprar tudo lá.”
“Tudo aconteceu muito rápido, mas meus pais me ajudaram muito. Eles me protegeram de tudo que vinha de fora. Nunca tive muito contato com o que estava acontecendo, o que as pessoas diziam ou pensavam sobre isso. Sou muito grato aos meus pais por tudo o que fizeram por mim, porque essa proteção foi muito importante.”
“Meu pai [Ivo] me ajuda mais em campo, minha mãe [Hetiene] me ajuda fora dele. Ela me ajudou a entender coisas sobre o dia, a vida, a importância de comer bem e a me adaptar a cada novo lugar, nós nos mudamos muito. Ela sempre fez tudo por mim. Já imaginou sair de casa, ficar longe dos pais, para construir um sonho comigo como minha mãe fez? Minha mãe desempenha um papel fundamental na minha vida. É ela quem me cobra diariamente e me ajuda a entender melhor a vida.”
Além das suas lutas para chegar onde está hoje, Estêvão Willian revelou ter aprendido a tocar bateria na igreja, sendo uma das coisas que o ajuda a relaxar antes das partidas.
“Aprendi a tocar bateria quando tinha seis, sete anos. Eu vi um amigo do meu pai tocando na igreja e comecei a gostar. A música me ajuda muito. Eu cresci na igreja, ouço muita música gospel e sempre ouço antes das partidas. Mas eu ouço minha própria música, se eu ouço a música dos meus amigos, estou perdido. Os caras gostam de música muito suja.”
Quando surgiu nas categorias de base do Palmeiras, Estêvão Willian foi apelidado de “Messinho”. Apesar das comparações com o jogador da seleção argentina, Estêvão Willian revelou que tal rótulo o incomoda, mesmo tendo Messi como uma inspiração.
“Eu gosto muito de Neymar também, Cristiano Ronaldo. Mas minha referência é [Lionel] Messi por tudo o que ele fez pelo futebol. A maneira como ele joga e o que ele faz fora do campo é um cara que eu sempre tenho que admirar. E, claro, para mim, ser canhoto como ele também favorece.”
“Algumas pessoas nascem com talento, outras têm que trabalhar duro. Bons exemplos são Messi e Ronaldo. Messi tem o talento, Ronaldo o esforço. Eu procuro os dois. Talento e dedicação. Hoje no futebol você tem que se dedicar, tem que cumprir um horário, treinar, viajar, cuidar de si mesmo. Você tem que desistir de muito. Sem dedicação você não pode chegar a lugar nenhum.”
Hoje é difícil imaginar Estêvão Willian atuando como um goleiro, no entanto foi isso o que aconteceu no início de sua jornada.
Ele revelou ter começado como goleiro, tendo seu pai como grande exemplo e inspiração.
“Comecei como goleiro porque meu pai era goleiro. Eu costumava ir aos jogos com ele, os jogos eram em campos de terra. Eu o vi jogando muito. Gostei de vê-lo e depois comecei a gostar, queria ser goleiro por causa dele, mas depois decidi jogar na linha. Foi uma boa decisão ter trocado de posição, caso contrário, certamente não estaria onde estou hoje.”
Estêvão Willian foi desejo de grandes clubes europeus, mas foi o Chelsea que saiu na frente e garantiu sua contratação por 51 milhões de euros.
Apesar do interesse real de outros clubes, o jovem brasileiro revelou os motivos por trás de sua escolha em se transferir para os Blues.
“Decidi pelo Chelsea por causa do planejamento deles. Fiquei muito satisfeito com isso. Não apenas para mim, mas também para minha família. Foi o clube que acreditou em mim e confiou no meu trabalho. Espero poder pagar isso de volta.”
“Quero ganhar títulos e mostrar todo o meu potencial, mostrar tudo o que posso fazer. Ser Campeão da Copa do Mundo, Premier League e Liga dos Campeões. É isso que eu quero.”
“Meu maior sonho é ser o melhor jogador do mundo. Esse é o meu sonho. Um dia estarei entre os melhores. Mas não vou prometer ou projetar que vou conseguir isso em alguns anos. Virá naturalmente.”